ARECACEAE

A família Arecaceae compreende cerca de 2500 espécies de palmeiras distribuídas em 200 gêneros, predominantemente tropicais. O Brasil é considerado o terceiro país mais rico em termos de diversidade de palmeiras nativas, compreendendo aproximadamente 37 gêneros e 387 espécies. Os troncos das palmeiras têm o nome especial de estipe ou estípete. São alongados, cilíndricos ou colunares, geralmente sem ramificações e ostentam no ápice um agrupamento de folhas, geralmente de grandes dimensões (1 metro ou mais). O estipe é duro e não possui casca, tal como conhecemos “casca” nas outras árvores. As palmeiras têm a medula central esponjosa revestida por um conjunto de fibras que formam o tecido condutor (xilema e floema). A principal região de crescimento está situada no ápice do caule, onde está localizada a gema terminal com seu tecido meristemático (tecido responsável pelo crescimento da planta). A maioria das espécies tem caule solitário, mas há aquelas de estipes múltiplos que formam touceiras, como é o caso do açaí do norte (Euterpe oleraceae). Os caules podem ser lisos, revestidos pelas bainhas remanescentes das folhas, revestidos de espinhos ou, em casos mais raros, por pelos. As flores são dispostas em inflorescências do tipo panícula, mais comumente e podem ser bissexuadas ou unissexuadas. De modo geral são pouco vistosas. O ovário é súpero.

Os frutos variam muito em cor, forma e tamanho. São popularmente chamados cocos ou coquinhos. Os frutos típicos são revestidos de 3 camadas: o epicarpo (casca), a camada mais externa, é normalmente lisa, espinescente ou escamosa; o mesocarpo, a camada do meio, a polpa propriamente dita, que pode ser fibrosa ou não, seca, carnosa ou fibrosa-suculenta. A camada mais interna, que protege o embrião, é chamada de endocarpo, que pode ser fino, membranoso, celulósico, espesso ou tão duro que é classificado como ósseo ou pétreo.

A maioria dos frutos é do tipo drupa, isto é, de consistência carnosa ou não e com 1 semente envolta pelo epicarpo duro. Geralmente cada fruto tem 1 semente, dura e densa. As sementes germinam bem quando são novas, retiradas de frutos maduros, colhidos recentemente e que não passaram por um período grande de armazenamento. Sementes velhas germinam muito pouco ou mesmo não germinam.

Embora a dormência das sementes de palmeiras possa variar bastante conforme a espécie, de modo geral o tempo médio de germinação na maioria delas é superior a um ano, em condições naturais. Estudos indicam que, na maioria dos casos, a dormência em palmeiras relaciona-se à impermeabilidade à entrada da água até o embrião e o endosperma.

A família das palmeiras parece ser uma das famílias de plantas mais utilizadas pelos seres humanos em todo o mundo. Muitos estudos de caráter etnobotânico, ou seja, que investigam as interações entre certas comunidades e “suas” plantas convergem para a idéia de que um elevado número de espécies de palmeiras possui importância como recurso alimentar, econômico, de apelo ornamental entre outros. Em tempos passados, por exemplo, as casas da zona rural normalmente tinham uma pedra e um pilão para moer os coquinhos torrados. Além de apropriados para a alimentação humana, os frutos das palmeiras, de modo geral, são um importante recurso alimentar para a fauna silvestre.

As palmeiras são, portanto, consideradas espécies de uso múltiplo.

Gêneros nativos do RS: Bactris, Butia, Syagrus, Acrocomia, Butyagrus, Euterpe, Geonoma e Trithrinax. Os três primeiros, de ocorrência natural em Porto Alegre.