Gerivá
Jerívá, gerivá, coqueiro
Nome Científico: Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassm.
Família Botânica: Arecaceae

O gênero Syagrus

Trata-se de um gênero amplo, quase que totalmente restrito a América do Sul, sendo o Centro e o Leste do Brasil seus centros de distribuição. Este gênero agrega mais de 50 espécies, 47 destas ocorrentes em nosso país. Nas regiões onde há sobreposição de espécies (butiás e jerivás) podem ocorrem naturalmente híbridos férteis interespecíficos.

As espécies brasileiras são plantas solitárias ou cespitosas de caule aéreo medindo entre 2 e 36 metros de altura ou acaulescentes com caule aéreo muito curto e, em alguns casos, subterrâneo. As folhas são pinadas, entre 3 e 30, contemporâneas. Inflorescências interfoliares, espigadas (não ramificadas) ou ramificadas com poucas ou numerosas ráquilas (ramos florais), normalmente espiraladas em relação à raque (eixo principal da inflorescência). Bráctea peduncular quase sempre lenhosa e persistente, sulcada ou estriada externamente, glabra ou, se pubescente, torna-se glabra com a idade do indivíduo. As flores são unissexuais e ocorrem juntas na mesma raque, agrupadas de modo que as flores pistiladas estejam na porção basal e as estaminadas, na distal. Os frutos podem ser ovoides, elipsoides ou globosos. A casca pode ser lisa ou estriada, glabra ou escamosa. A polpa é fibrosa e suculenta.

O gerivá é uma palmeira de médio porte com estipe (“tronco” das palmeiras) medindo de 8-25 m de altura, mais ou menos liso regularmente anelado. As folhas são numerosas, de 2- 4 m de comprimento, verde-escuras e brilhantes, pinadas e arqueadas. Costumam desprender-se sem deixar vestígios no estípete. Flores de cor amarelada reunidas em densos cachos que chegam a medir mais de 1 m de comprimento, protegidas por bráctea peduncular lenhosa e longa. O fruto é uma drupa oval, de base saliente e ápice arredondado, de coloração amarela a alaranjada, quando maduro, medindo 2,5 cm de comprimento e 1,5 cm de largura. Produz grande quantidade de frutos anualmente. Cada planta produz vários cachos ao mesmo tempo em diferentes estádios de desenvolvimento. Não formam aglomerados populacionais como os butiás.

Floresce de setembro a março e frutifica de fevereiro a agosto.

É uma planta pioneira que ocorre preferencialmente em solos úmidos e humosos podendo, entretanto, ocorrer em solos secos e de baixa fertilidade. É tolerante à água salgada. Em Porto Alegre ocorre em todos os tipos de mata, sendo frequentemente encontrada nas capoeiras e áreas recém abandonadas.

O jerivá ocorre no Paraguai, Uruguai e Argentina. No Brasil ocorre nos estados do ES, RJ, MG, GO, MS até o RS em quase todas as formações. Em nosso estado ocorre em praticamente todas as regiões, com exceção da Restinga Litorânea e da região Sudoeste. Particularmente abundante nos agrupamentos vegetais primários localizados em solos úmidos, brejosos e alagadiços. É espécie comum em Porto Alegre.

Importância: a madeira é dura e utilizada no preparo de estivados sobre solos brejosos e trapiches sobre água salgada, na construção de paióis, como caibros e ripas. Espécie utilizada como ornamental, pode ser empregada na arborização urbana bem como em projetos de paisagismo em geral. É indicada para o plantio em ruas estreitas, rótulas e locais onde não haja fiação elétrica.

Os frutos são muito consumidos pela avifauna em geral; as flores são melíferas. Apesar de comum, a espécie está ameaçada de extinção, pois sua regeneração natural encontra dificuldade frente à conversão de seus habitats naturais em sistemas agrosilvipastoris, aliada à especulação imobiliária sobre as áreas naturais remanescentes nas cidades.

Dispersão de sementes: as características do fruto do jerivá sugerem a dispersão zoocórica, pois atraem espécies frugívoras consumidoras e potenciais dispersoras de suas sementes. Estudos relatam 14 espécies consumidoras do fruto ou da amêndoa, ou de ambos. Dentre elas, 4 spp de mamíferos (cotia, graxaim, gambá e rato-do-mato) e 7 de aves (aracuã, tucano, cambacica, entre outras).

Os frutos podem ser fervidos e o suco desse processo, utilizado para fazer geleias e doces. Há registro do uso de suco concentrado para engrossar geleias de outras frutas, o que pode sugere um teor considerável de pectina. As amêndoas podem ser consumidas in natura ou torradas, além de produzirem óleo comestível de boa qualidade. O jerivá ocorre em regiões frias e de altitude e, por produzir um palmito de alta qualidade, pode ser uma opção de produção de palmito para a região sul. A extração do palmito é feita em plantas jovens, em torno de 5 anos de vida.

São produzidas muitas sementes e a taxa de germinação é alta, porém as sementes podem demorar até 5 meses para germinarem. O tempo de desenvolvimento é considerado médio; por volta dos 8 meses, a muda pode ir a campo. Ao contrário do que está registrado para a ampla maioria das palmeiras, há pesquisas que sugerem que, no caso do jerivá, as sementes oriundas de frutos verdes germinem mais rápido e melhor dos que aquelas de frutos maduros.