Pêssego-do-Mato
pessegueiro-do-mato, pêssego-azedo, pêssego-do-rio-grande, pêssego-do-campo, ivaí, ubaí, yvahaí, ubajaí
Nome Científico: Eugenia myrcianthes Nied
Família Botânica: Myrtaceae

Os frutos do pessegueiro-do-mato têm um bom potencial de uso, principalmente como derivados, pois são grandes (de tamanho similar ao de uma ameixa), de casca bem fina, amarela quando maduros, a polpa abundante, suculenta, aromática e as sementes (uma só, na maioria dos casos) são pequenas. O sabor agridoce se evidencia no seu nome em guarani, yvahaí, que se supõe a origem, de yva = fruta e haí= ácida. 

Embora a literatura seja relativamente escassa para esta planta, as descrições tendem a considerar os frutos de sabor doce e agradável, porém de odor não muito agradável para alguns quando muito maduros (a ponto de dificultar o armazenamento da fruta em geladeira doméstica). Em doces, após a cocção, como geleias,  este aroma torna-se distinto e semelhante ao gosto, agridoce. É pertinente aqui ressaltar o caráter demasiado subjetivo e pessoal desse tipo de observação a qual, ainda, tende a ser feita para o conjunto das frutas nativas. No caso de negativas, tais observações tendem a menosprezá-las perante o consumidor, podendo até desencorajar sua experimentação. Por que não consideramos que os frutos simplesmente têm um aroma diferente daquele das frutas mais conhecidas, isto é, têm cheiro de “pessegueiro-do-mato”? 

Alguns autores apontam para a grande diversidade existente tanto nas plantas silvestres quanto nas cultivadas, sendo que essa diversidade manifesta-se, sobretudo, nos frutos (formas, tamanhos e gostos). Este fato, inclusive, dificultaria o apontamento de matrizes produtoras de mudas. Dessa forma, conforme a planta pode haver tanto frutos com aroma mais forte e não agradável para alguns, quanto frutos sem essa característica. Kinnup (2007) relata a coleta de dois tipos de frutos: um com odor mais forte e, outro, quase inodoro. No primeiro caso, observou-se que os frutos apresentavam uma substância branca aderida à casca que aparentemente confere o cheiro forte e marcante. A remoção dessa substância elimina o odor dos frutos. Assim este autor recomenda que os frutos sejam lavados após a colheita e só então armazenados sob refrigeração. No caso dos frutos quase inodoros, sem a substância branca aderida, foi relatada a diminuição da suculência da polpa.

Os frutos, além do consumo in natura, servem para a elaboração de sucos, batidas, sorvetes, geleias, bolos, vinagres, dentre outras possibilidades. A polpa e os frutos, cortados e descaroçados, podem ser armazenados por meses, mantendo estáveis sua coloração, sabor e aroma.

O pessegueiro-do-mato ocorre nas restingas arenosas junto à Lagoa dos Patos e Rio Guaíba, bem como em terrenos de barrancas arenosas do rio Uruguai na porção oeste do Estado. Pode também ser encontrado nos morros de Porto Alegre. Apresenta hábito variável desde arbustos a  arvoretas, quando sobre solo arenoso de restinga, até árvores de porte médio quando sobre solos mais férteis. O tronco é retorcido e seus ramos são longos e muitas vezes pendentes. É uma espécie heliófila, caducifólia ou perenifólia conforme o local de ocorrência.

Propagação: a mais comum é por meio de sementes. Após a despolpa dos frutos as sementes devem ser limpas e postas pra secar. Outra maneira é, após limpá-las, deixar de molho em água por 24 horas; após, semear prontamente. É importante lembrar que as sementes de Myrtaceae tendem a ser pouco tolerantes à dessecação e longos períodos de armazenamento. A germinação ocorre em torno dos 3 meses, o que é lento para a família; a taxa de germinação é alta.

Dados relativos à frutificação são escassos. Mas, há relatos de árvores não manejadas que iniciaram a frutificar em torno dos 8 a 9 anos. É provável que com um manejo adequado diminua o tempo de início de frutificação.

Embora o uso preferencial do ubajaí seja como frutífera, é importante destacar que sua madeira é de boa qualidade; o córtex pode ser utilizado na indústria química (extração de tanino, por exemplo); é uma espécie melífera; de suas flores pode ser extraído óleo essencial. Com esse conjunto de características é uma espécie muito indicada para compor sistemas agroflorestais, em solos mais arenosos.