Sobre o Projeto

O Município de Porto Alegre possui mais de 50 espécies da flora nativa local que possuem frutos com uso atual ou potencial alimentício, sendo pouquíssimas dessas plantas conhecidas e utilizadas pela população. Nesse sentido, o Projeto Pró-Frutas Nativas de Porto Alegre visa à divulgação e à promoção da conservação da biodiversidade dos ambientes naturais e rurais da cidade por meio do conhecimento e da utilização dessas plantas. Para tanto, foram elaborados uma cartilha impressa com material informativo; um guia virtual; um mapa interativo com a localização de algumas árvores matrizes no município; dois vídeos; além da realização de um seminário sobre o tema, e a propagação de algumas das espécies.

O presente Projeto foi elaborado e executado pelo InGá - Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais, quando selecionado no Edital 02/2010 do Fundo Pró-Defesa do Meio Ambiente de Porto Alegre (FUNPROAMB) tendo apoio e patrocínio da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMAM) e da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.

Fizeram parte da equipe executora: Claudine de Abreu Corrêa, Estela Santos, Matias Köhler e Paulo Brack. Com agradecimentos a José Francisco López, Mateus Raymundo da Silva, Vicente Rahn Medaglia, Rodrigo Endres Ardissone e Paulo Jardim (SMAM) pelos respectivos envolvimentos com o projeto.

Sobre as Frutas

É com muito orgulho e prazer que aceitei o convite para prefaciar este importante trabalho deste projeto tão necessário para valorizar e talvez valorar as espécies de frutas nativas do Rio do Grande do Sul, especificamente as de Porto Alegre muitas tradicionais e outras bem menos conhecidas e pouco ou não consumidas nos dias atuais. Infelizmente, a maioria delas, apesar do uso casual, histórico e/ou folclórico no Estado e/ou mesmo na Região Sul do Brasil e até nos países vizinhos, atualmente pode ser genericamente categorizada como PANC (Plantas Alimentícias Não Convencionais), pois não são corriqueiras e a maioria das pessoas da região não as conhece ou apenas ouviu falar, mas não as tem utilizado na alimentação regularmente (mesmo considerando a sazonalidade). Raramente ou nunca são encontradas nas grandes redes de supermercados e muitas delas nem mesmo nas feiras regionais; quando aparecem, é em pequenas quantidades e muito pontualmente pela falta de plantios e manejos sustentáveis. Este projeto traz informações importantes e ideias de como aproveitar melhor estas espécies. Contudo, mais importante do que receitas, é a matéria-prima, ou seja, precisamos plantar e/ou manejar estas e outras muitas espécies de frutíferas para podermos fazer as receitas. Estas espécies precisam ser produzidas em escala e com regularidade para serem levadas às feiras e mercados. Para isto, este trabalho fornece aportes muito importantes, pois enfatizam a versatilidade de usos culinários e vantagens bioecológicas de fomentar-se o uso e as pesquisas com estas espécies subutilizadas e negligenciadas pelos agricultores, consumidores e pesquisadores.

Para termos matéria-prima em quantidade e qualidade para que estas e muitas outras receitas possam ser cotidianamente preparadas, consumidas e ofertadas também nos restaurantes, pizzarias, suquerias (casas de sucos) e padarias, políticas públicas sérias e duradouras (inclusive editais específicos dos órgãos de fomento e das fundações de apoio à pesquisa dos Estados) para uso real da nossa agrobiodiversidade precisam ser implementadas nos órgãos de ensino, pesquisa e extensão, especialmente as secretarias de produção dos municípios e Estados brasileiros precisam ser menos xenófilas (assim como os consumidores e pesquisadores) e estimular, fomentar e subsidiar a produção de mudas e sementes, viabilizando que estas espécies saiam da categoria de não convencional e possam ser apresentadas simplesmente como frutas, pois elas farão parte do nosso cardápio regionalizado.

Apesar da maioria das frutíferas nativas ainda ser pouco pesquisada em profundidade, via de regra, são mais nutritivas do que as frutas convencionais e mais saudáveis e seguras, pois podem e devem ser produzidas sem uso de agrotóxicos. E além dos frutos deliciosos e com grande versatilidade de usos culinários que essa cartilha apresenta, o miolo - medula do caule e ramos grossos -, desde que a partir de áreas corretamente manejadas e/ou de cultivos, de Vasconcellea quercifolia (jaracatiá ou mamãozinho-do-mato) também pode ser usado para fazer um delicioso doce, e seu látex (leite), rico em papaína, pode ser utilizado na indústria alimentícia e de fármacos.

Portanto, leitor vá em busca das PANC nos quintais, nos roçados, nas matas, nas feiras e nos mercados. Ouse comprar frutas regionais e dê asas a criatividade na cozinha e nas agroindústrias. Amplie a diversidade de cores, sabores, aromas, texturas e nutrientes que você ingere. Lembre-se: as PANC tendem a ser mais saudáveis e são produzidas regionalmente, portanto, chegam mais frescas à sua mesa e geram menor consumo de energia.

Valdely Ferreira Kinnup

Instituto Federal do Amazonas - IFAM/Campus Manaus Zona Leste

Guia Virtual
Vídeos
Frutas Nativas de Porto Alegre
E você, conhece as Frutas Nativas de POA?
Matrizes
Mapa das Árvores Frutíferas Matrizes em Porto Alegre
Cartilha

Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais - InGá

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